Mais uma memória para se deliciar.
Brincava na areia. Uma areia nem limpa, nem suja. Acho que era uma areia mediana.
Estava mormaço. Minha pele ardia.
Brincava de fazer formas, apertar a areia nas mãos. Às vezes misturava água só para ter uma textura nova.
Não tinha talento, ao menos sei que escultora não fui, pois fazia formas disformes que ninguém sabia o que era. Ninguém via minha sala mobiliada, com sofá, poltrona e tv. Ninguém reparava na família feliz de tatuis que ali viviam. Ninguém precebia meu projeto de vida.