domingo, 28 de dezembro de 2008

Meu formato

Eu estava passeando por aqui (passear foi a palavra mais terrena e próxima que eu encontrei pra descrever a ação que eu estava fazendo) e me deparei com um menininho.

Muito bonitinho.
Bochechões, pézinhos gordinhos, mãozinhas redondas.
Fiquei comovida. Como se fosse viva! O que uma criança tão linda e de aparência saudável estava fazendo do lado de cá?
Vou reproduzir nosso papo:

-Você tá morto,?
- Sim, obviamente.
- E sabe como foi?
-Claro.
(Tem isso aqui. A galera morta não saca pergunta retórica, contexto. Se você pergunta "Você sabe quem coordena esse setor?" eles não respondem com o nome do coordenador. Eles dizem "sim")
-Como?
- Sabe como é . Tava velho, cheio de zinquizira. Aí empacotei.
-Velho? Pensei que você tivesse uns 4 anos!
- Não!!! É que é assim que eu me idealizo! Gostava muito dessa época da minha vida, que eu corria no quintal, comia a comida da minha avó quase todos os dias...
-Unh... E como você me vê?
- Você deve estar confusa ainda, não vejo nada.


Desde então eu tento me idealizar como Claudia Schiffer. Mas acho que não consigo.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Então é isso

Eu estou aqui e não lembro muito bem de quase nada.

Sei que queria muito ter alguma coisa pra escrever e apareceu isso na minha frente.

A palavra Rita é a única coisa que me vem a cabeça para que eu possa me descrever sem ser por nomes ridículos como "fantasminha", "aúrea" ou "luz infindável".

Esse deve ser meu nome então, Rita.

O que me deixa feliz (pelo menos acho que o que sinto a respeito do que citarei a seguir é felicidade) é que há pouco eu não lembrava nada. Nem que palavras existiam, nem que eu poderia me comunicar... Pra ser sincera, eu mal percebia que eu era alguma coisa. Agora posso ainda não saber o que sou, mas já lembrei que existem as letras, que formam as palavras, que fazem as frases, as orações e assim os textos e no fim (ufa!) tenho a comunicação.

Não sei pra quem eu escrevo, mas eu escrevo e já é um alívio. E se eu não sabia nada e agora já escrevo, suponho que eu vá lembrando das coisas, ou aprendendo. Na situação que eu me encontro, dá no mesmo.
 
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