Sei que para uma morta eu pareço aficionada pela vida. Juro, andei perambulando por todos os cantos e não encontrei nada que seja melhor. Não digo melhor que a vida, mas melhor que escrever sobre ela. Aliás, melhor que escrever. E o que vem a minha cabeça para escrever nesse momento é a vida. Talvez seja porque é o ciclo que eu fechei, e mesmo que eu não leeeembre da MINHA vida, ressoa algo em mim da lógica de viver.
Essa lógica das perdas. Se perde a placenta para os médicos, os dentes para a fada, a ignorância para as letras, a paz para a adolescência, a virgindade para a paixão, a inocência para o mundo, a mãe e o pai para a morte, os filhos para a vida, os cabelos para o chão, a razão para a realidade, a saúde para a idade...
E por fim se perde ela, a própria vida. Ela que colocou você a prova de quantas coisas se estava disposto a perder.